
Entre os quatro eixos de atuação do CBG, a vertical Educação, Disseminação e Inovação (ED&I) desempenha um papel fundamental na ampliação do impacto do projeto junto à sociedade, em complementaridade com as demais frentes do centro.
No plano da difusão do conhecimento, os esforços iniciais da ED&I focam na criação de espaços dedicados à pesquisa e divulgação da geometria e da matemática em São Paulo. Serão implantados nove Polos de Difusão do Conhecimento em instituições parceiras (UNESP, USP, UNICAMP e UFSCar) para desenvolvimento de experiências educativas imersivas, utilizando realidade aumentada e virtual, impressoras 3D, cortadores a laser, além de oferecer formação continuada a professores, apoio pedagógico a estudantes e materiais de iniciação científica.
Com instalações permanentes nos polos, o CBG lançará o Universo Geométrico, iniciativa aberta ao público, que usará a geometria para estimular o pensamento crítico e valorizar a cultura científica nas escolas. O projeto visa combater mitos pseudocientíficos, a exemplo do terraplanismo, por meio de experiências práticas e acessíveis, como o pêndulo de Foucault e o experimento de Eratóstenes.
Na área da inovação, o CBG desenvolverá projetos para fortalecer o ensino de matemática, desde a alfabetização até o apoio a jovens com altas habilidades na América Latina. Um dos destaques é o programa Libras + Matemática, coordenado pelo professor Marcelo Firer (UNICAMP), surgido após um encontro com a professora Aglaiza Sedrim, graduanda em Letras-Libras, em um congresso de 2022, que evidenciou os desafios enfrentados por estudantes surdos na aprendizagem da matemática.
A partir dessa troca, surgiu a ideia de realizar um projeto específico na UNICAMP: um grupo de estudantes, surdos, do Ensino Médio foi convidado para participar de duas semanas imersivas de estudos em matemática e geometria, no ano de 2023. A iniciativa revelou uma lacuna estrutural: a ausência de sinais específicos para expressar conteúdos matemáticos mais complexos. Como ressalta o professor, “essa deficiência não está relacionada diretamente à surdez em si, mas ao desenvolvimento da Língua Brasileira de Sinais”, que ainda não contempla toda a terminologia necessária para o ensino formal da matemática.
Agora no âmbito do CBG, o programa contará com iniciativas mais ambiciosas, como a criação de um vocabulário matemático em Libras, gravação e resolução de todas as questões de matemática do Enem em Libras, produção de materiais didáticos acessíveis e o fortalecimento de uma comunidade profissional voltada à acessibilidade na educação matemática para surdos.
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